"Strindberg concentra a acção de Menina Júlia, comprimida em dois dias, num único espaço e desenvolve-a apenas num acto. "
"Em Menina Júlia, encontramos nós, segundo Yann Martel, «diálogos tão brilhantes e plenos de tensão, aparentemente tão simples, e indiciando, no entanto, tal tumulto e complexidade, que, paradoxalmente, nos parecem perfeitamente naturais»."
""Menina Júlia", de Strindberg, mostra como é preciso muito pouco para que o poder mude de mãos. E depois volte a mudar. E mude ainda outra vez. "
"O poder dos outros sobre nós não depende da classe social ou do sexo - depende sobretudo do momento em que a vida deles se cruza com a nossa. A menina Júlia não sabia disso. Mas descobriu."
" "Estas são personagens instáveis, como todos nós, e mudam constantemente", diz Rui Mendes. "Nunca sabemos onde está a inocência e onde está a culpa, onde está a agressividade e onde está o medo, a fuga. É por isso que esta é uma peça que será sempre actual enquanto houver seres humanos."
Apesar de ter sido escrita em 1888 e de ter na base uma questão de classes (que Strindberg, filho de um aristocrata falido e de uma antiga empregada doméstica, conhecia bem), "Menina Júlia" é muito mais do que a história do criado que sonha ascender e da filha do conde atraída pela queda.
"Strindberg é um dos iniciadores do teatro moderno, que abandona as personagens monolíticas, muito tipificadas, sem altos e baixos", continua o encenador. "E esta peça é de uma época de transformações extraordinárias, com lutas sociais, a luta pela libertação da mulher, em que se começam a analisar os comportamentos, a alma, o carácter dos indivíduos." "
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